ACOLHIDA NA COLÔNIA

Acolhida na colônia. Já ouviu falar? Se ainda não, não imagina o que está perdendo. A acolhida na Colônia é um projeto que começou na França, é encontrado em 32 países e aqui no Brasil começou em 1999, estando presente em Santa Catarina. Atualmente a Acolhida conta com cerca de 120 famílias, essas famílias atuam de diversas maneiras, seja com hospedagem ou com o plantio orgânico. Mas a ideia principal é sempre a mesma: o resgate de tradições do campo.

São propriedades rurais nas quais os proprietários abrem suas portas para receberem hóspedes, não como um hotel, mas sim como um amigo ou parente. Em algumas propriedades você pode se hospedar, em outras passar o dia, outras trabalham com a parte da alimentação orgânica apenas, mas todas são pequenas propriedades de agricultura familiar.

Tive a satisfação de poder conhecer de perto esse projeto, através do Sitio Vida Nova, onde passei um fim de semana maravilhoso. O Sítio fica em Presidente Nereu, na região chamada Vale do Itajaí, mas abaixo vou explicar como se chega ao local.

O QUE ESPERAR DA ACOLHIDA

Casal maravilhoso que nos recebe de braços abertos

A expectativa era de um fim de semana típico de sítio: tranquilidade e comida boa. Sim, teve isso, e muito mais. Posso afirmar que passar um fim de semana no sítio dos queridos Seu Luis e Dona Luzia nos faz sair de lá pessoas melhores, e vou tentar explicar o porque.

Vivemos em um ambiente tão atribulado que nos esquecemos de as vezes dar uma pausa e nos conectar à natureza. Na minha estadia no sítio, Dona Luzia e Seu Luiz me trataram como alguém da família, e essa é a intenção da acolhida na colônia. A cozinha da casa está sempre aberta e à disposição, e é lá que passamos boa parte do tempo, comendo e conversando por horas.

Lembra que escrevi que saímos transformados de lá? Pois então, Dona Luzia é uma mulher forte, de uma sabedoria enorme no que diz respeito à vida no campo. E nesse fim de semana ao seu lado ela nos relembrou o quanto devemos cuidar da natureza e dos animais, enfim, quem sai de lá sai um pouquinho mais consciente em relação à tudo isso.

O QUE FAZER NO SÍTIO

Chegamos ao sítio numa sexta feira a tarde, muito bem recebidos e ficamos por horas conversando com Dona Luzia na cozinha, enquanto ela preparava um “cafezinho da tarde” (que estava mais para um super café colonial).

Após o café fomos conhecer a Casa de Pedra, a casa onde ficaríamos hospedados. Uma casa deliciosa, muito aconchegante e confortável. A casa, assim como todo o sítio, não tem chave nas portas, não tem trancas, e isso já nos faz perceber que o ambiente ali é muito diferente do das grandes cidades. O legal dessa casa é que ela possui diversos cômodos, e um deles possui diversas camas, então quem está pensando em ir com toda a família ou em grupos de amigos pode reservar esse quarto maior ou até mesmo a casa inteira.

E pensando em todos, a casa principal possui um quarto todo adaptado para portadores de necessidades especiais. E ainda falando sobre a casa principal, ela é feita toda de materiais reciclados e reaproveitados de madeira de reflorestamento. E o lindo fogão a lenha da cozinha foi feito pelos proprietários da casa.

O final da tarde foi para aproveitar a mudança de ambiente, respirar o ar do campo e descansar. Voltando a noite para a casa principal, dona Luzia havia preparado um delicioso caldo de cará. E para quem acha que no sítio dorme-se cedo, após o jantar ficamos papeando até depois da meia noite.

No dia seguinte, após aquele café da manhã que não dá vontade de parar de comer, fomos dar uma caminhada pela propriedade com seu Luís. Conhecemos os animais do sítio (cabras, porcos, galinhas, vacas e cavalo), ajudamos a tratar deles (eu como amo animais fiquei apaixonada) e seguimos nossa caminhada.

Seu Luis nos leva para conhecer os animais do Sítio

A trilha é cheia de subidas e descidas, e durante o passeio Seu Luís foi parando para nos falar sobre a mata, sobre as plantas, ou para contar alguma história de lá. Conhecemos um local que é um paredão de pedras que tem uma queda d’água, maravilhoso, e quando o sol reflete, as gotas de água se iluminam, ganhando uma coloração dourada.

A caminhada foi um contato com a natureza, além de muito divertida e com paisagens belíssimas. No período da tarde (após aquele almoço de fazenda), fizemos outra trilha, que nos leva a um riacho, bem mais tranquila que a outra.

Sim, o apoio é necessário, pois a trilha tem terreno bem irregular

Aqui que o sol ilumina e as gotas d´água ficam douradas

Após o jantar fomos conhecer a casa de cima, onde o casal mora. É uma verdadeira aula de historia, pois a casa é repleta de antiguidades, e Seu Luís nos conta a historia de todas. São relógios, espadas, moedas, decoração, eletrônicos, entre outros; e muitas dessas peças foram presenteadas por hospedes que passaram por ali. Ah, e registrando aqui que novamente fomos dormir de madrugada, pois o papo e a companhia estavam ótimos.

E domingo chegou, hora de ir embora… Tenho certeza que todos que passam e passarão por lá irão sentir o mesmo. Despedimos-nos como se nos conhecêssemos a muito tempo e já com vontade de voltar e levar nossos familiares para conhecer o local.

Casa de cima, cheia de antiguidades e curiosidades

SÓ COMIDA ORGÂNICA

Um dos pontos altos do local é a comida, toda feita pela Dona Luzia. Não tem como manter a dieta no sítio não, prepare-se para comer bem. E a boa noticia é que tudo o que é preparado vêm do próprio sítio ou de propriedades familiares (muitas que também estão na acolhida na colônia), tudo sem agrotóxico, sem conservantes, corantes e todas aquelas coisas que consumimos no nosso dia a dia.

Os pães, geleias, doces, os bolos, os queijos, o macarrão artesanal, os sucos… enfim, tudo é artesanal e fresquinho. E a geladeira da casa fica a disposição do hóspede. Uma tentação. E se você tem alguma intolerância ou restrição alimentar, é só avisar, que sua alimentação será especial.

Todos se encantam com seus pães e geléias

Algo muito legal no sítio é que são realizadas oficinas de culinária lá, imagina aprender a preparar aquele macarrão artesanal da Dona Luzia? Agendando com antecedência pode-se participar de oficinas de pães, cucas, geléias, macarrão e até sabonetes. O sitio também recebe grupos para eventos e promove encontros especiais e temáticos, como jantares com “pizza da roça” e jantares árabes.

COMO CHEGAR

O Sitio Vida Nova está em uma das 5 regiões da acolhida, chamada Vale do Itajaí. O melhor caminho é pela BR-470, passar Blumenau e seguir até Lontras (KM 132). A partir daí é só seguir as indicações em direção a Presidente Nereu. Em Presidente Nereu irá passar o centrinho da cidade e continuar, já será visto indicação de onde fica o sítio. Ao final são cerca de 10km de estrada de chão.

Uma dica para quem for ao sítio é ir sem pressa e curtir a estrada, pois tem paisagens lindas. A região de Ibirama é famosa pela prática de rafting, devido as correntezas do rio que por ali passa, uma boa opção para quem gosta de adrenalina.