Uma Volta ao Mundo e uma viagem interior

Uma volta ao mundo? Um período sabático? Uma viagem sem data de retorno? Confesso que ainda não sei como nomear essa minha nova aventura. Tá aí, talvez AVENTURA seja a palavra que mais chega perto do que imagino HOJE para descrever essa jornada.

A DECISÃO DE VIAJAR

Uma viagem só com data de ida não é como uma viagem de férias, não é do dia para noite que acordamos e falamos: ah, vou viajar o mundo.

E comigo não foi diferente, foi uma construção da ideia, desde quando nem eu sabia ainda que era isso que desejava.

Sempre tive muita vontade de explorar o desconhecido, de morar no exterior, de fazer intercâmbio, de aprender novas línguas… tudo o que pudesse me colocar em contato com culturas diferentes.

E a medida que fui viajando mais, parece que a vontade foi se transformando em um chamado, e acabou se transformando no item número 1 da minha lista de “coisas para fazer antes de morrer”.

Acredito que de uns 8 anos pra cá, em nenhum dia da minha vida isso não tenha passado pela minha cabeça, mas muitas vezes de maneiras sutis, como em um sorriso desapercebido quando via uma cena de um filme na Itália, ou em uma sensação de paz quando revia uma foto de viagem.

E de repente, aquele “e se…” vinha como um devaneio acidental, logo atropelado pela racionalidade que nos faz recuar à nossa moldada concepção de juízo.

O QUE TE FAZ FELIZ?

Nascer, crescer, estudar, fazer uma faculdade, trabalhar, casar, ter filhos e se aposentar.

Vivemos em uma sociedade que nos ensina que esta é a maneira correta de se viver a vida. E TÁ TUDO BEM VIVER ASSIM, desde que este seja o seu propósito. E é aí que mora o perigo.

Já pensou quantas e quantas pessoas simplesmente NÃO TEM ESSE PROPÓSITO? Sentem-se, de alguma maneira, diferentes e que não se encaixam perfeitamente nesse modelo pré concebido de vida perfeita? Que não tem como meta de vida uma casa cada vez maior, um carro cada vez mais potente e uma casa de praia para relaxar com os filhos?

E como eu disse, TÁ TUDO CERTO fazer isso, se te faz feliz, mira nesse propósito e não pare até conquistá-lo. O xis da questão é nós nos compreendermos a ponto de identificarmos o que realmente nos faz feliz.

Parece simples não é? Porém, inacreditavelmente, não é.

E algo que pode te fazer perceber que o estilo de vida nos posicionado como o ideal não é o SEU ideal é o fato de se sentir desconfortável em situações, conversas e projeções futuras nas quais os indivíduos ao seu redor comentam com brilho nos olhos, mas o seu, não brilha.

MEUS DEMÔNIOS INTERNOS

Neste caso vou te pedir licença para dar o meu exemplo. Em um dado momento da vida comecei a me questionar se o estereótipo de pessoa de sucesso que automaticamente vêm à nossa mente, seria o meu estereótipo.

Me questionava, em mente, em roda de conversas nas quais conhecidos diziam como fulano é bem sucedido por ter um carro do ano, uma casa grande, trabalhar de terno e ir para um resort all inclusive nas férias, seria também o meu pensamento.

Me questionava, em mente, se eu também acreditava ser um “case de sucesso” a pessoa que iniciou e finalizou sua jornada profissional na mesma empresa. Aposentou-se onde iniciou, que linda história de dedicação. Mas minha mente secretamente me perguntava: será?

Digo secretamente, pois somos tão educados para seguir fielmente um modelo ideal, que quando nos questionamos se isto é o ideal para nós, nos sentimos estranhamente diferentes.

Ao ouvir estas histórias exemplares eu só conseguia pensar: mas ele fez a mesma coisa a vida toda, isso deve ser entediante; nossa, mas ter que trabalhar a vida toda de roupa social deve ser aprisionante; mas… eu acho que não quero filhos… ou até mesmo… não tenho a pretensão se ser uma diretora de uma empresa, será que sou uma desinteressada por trabalho, será que por isso nunca conquistarei nada?

Mas vou te contar, se você já se perguntou isso, você não está sozinho. Nós só precisamos entender esse sentimento. E esse entendimento vem com um processo de AUTOCONHECIMENTO, e é aí que VIAJAR pode te ajudar (além de terapia, claro).

VIAGEM E TRANSFORMAÇÃO

Viagens são transformadoras! Você já deve ter ouvido essa frase. Mas já se perguntou o porquê?

Toda viagem nos transforma em pessoas melhores, por diversos motivos, porém para realmente ser transformadora na questão do autoconhecimento, eu adicionaria uma palavra nessa frase: Viagens solitárias são transformadoras.

Nada mais efetivo para o seu autoconhecimento como estar em contato consigo mesmo, mas, sem interferências externas. E as viagens são quase como que um portal mágico para esse feito.

Comecei realmente a entender um pouco mais do que me fazia feliz e respeitar meus desejos no momento em que comecei a viajar sozinha. Foi o pontapé inicial. De lá pra cá, continuo o processo de diversas maneiras.

E qual é a mágica do “viajar sozinha”? De onde vem toda essa transformação que os viajantes dizem sentir após uma viagem? Bom, pra começar, não queira achar que ir para um resort e ficar dentro de um complexo turístico vai ser transformador, vamos ser bem sinceros.

Que tal entrar em contato com pessoas, culturas e se deixar levar por ambientes diferentes ao invés disso?

VOCÊ E O DESCONHECIDO

Depois de várias experiências de vida e profissionais, nas quais, sempre em um dado momento acreditava não terem sido as escolhas corretas, eu fiz uma viagem.

Um mês sozinha na África do Sul. A princípio, era para ser apenas uma viagem para conhecer um novo país, mas foi o início de uma viagem para dentro, onde eu comecei a me conhecer melhor e perceber que minhas escolhas eram muito afetadas pela “bolha” na qual eu estava inserida.

De lá pra cá, o processo continua, e é lento. Mas te digo que a cada viagem esse processo dá uma acelerada.

Será que você seria exatamente como é hoje sem as cobranças ao seu redor? Será que você se vestiria da maneira que se veste se não houvesse ninguém conhecido ao redor? Quais seriam suas escolhas sem que houvesse expectativas externas sobre o seu sucesso?

A viagem é como se fosse uma mini amostra desse cenário. É um momento em que você sai da “bolha” na qual está tão inserido e percebe que começa a fazer escolhas por você mesmo. Ahhhhh, besteira, eu sempre escolhi tudo por mim mesma.

É… todos achamos isso, até nos darmos conta de que NÃO, nem sempre nossas escolhas são GENUINAMENTE VERDADEIRAS e respeitam nossa vontade.

INDO ATRAS DO QUE TE FAZ FELIZ

Entrar em contato e ter o privilégio de estar um um ambiente onde você pode apenas SER sem TER QUE é o empurrãozinho para começar uma jornada interior e compreender que é crucial se priorizar.

Estar longe do ambiente em que você TEM QUE ser o exemplo, TEM QUE ter um cargo bom em uma empresa, TEM QUE ter o carro do ano, blá blá blá…

Se hoje você não estiver em um caminho que faça sentido para você, talvez quando você volte não se reconheça em muitos aspectos, talvez você se questione sobre seus hábitos e escolhas… e será o início de uma travessia.

E se você ainda está um pouco perdido no seu mundo, eu recomendo: VIAJE.

Gostou? E pra não perder nenhuma viagem, me segue lá no instagram @lu_por_ai

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